Eu posso sim querer tirar com minhas mãos, do que meu coração não consegue se livrar.
Em 8, ou 9 meses, convivi com a pessoa mais má-educada, grossa, anti social, problemática, enigmática, e em certos dias, doce, envolvente, sensual, intuitiva, linda.
Como sempre costumei dizer: A pessoa errada mais certa que conheci.
A pessoa mais cativante, apaixonante e impossível de esquecer.
Mesmo depois de tanta humilhação, da falta de sensibilidade, de transtorno,
Alternando com risadas, descobertas, prazeres e carinhos no ouvido...
Dos dias, noites, madrugadas,
das ( mínimas 6 ligações diárias),
as discussões por procedimentos do mundo corporativo,
as discussões pelo" eterno" estado de propagandas enganosas ( sim, no plural mesmo).
Ela, com visual moderno e cabeça emotiva,
Ele, com a calça caindo, cueca aparecendo e camisetas comprovando seu estilo nada convencional.
Ela? A Pop,
Ele? O underground.
Ela? A relações Públicas,
Ele? o nada a declarar.
Ela? A super exposta, cheia de amigos,
Ele? O chega, trabalha e vai embora.
O celular dela? Família, amigos, os casinos, os ex, os futuros, os possíveis,
O dele? A mãe e contadíssimos amigos.
O vício dela? cigarros e sexo.
O dele? produtos caseiros, cansaço e sono constante.
As idades? iguais.
As vidas, idéias e quereres, totalmente incompatíveis.
E a química? ah havia, viu.
e como havia.
os desejos,as volúpias, a ardência,
o ciúme, o medo, a necessidade...
Ela precisava dele, puramente.
Ele precisava de " alguma" coisa dela,
( as vezes colo, companhia, dependência, massagem, dedos, ópio, suor).
Por ela, o chá.
Por ele, o thau.
Ora, por ele, o colo,
por ela, um beijo.
Conchinha, olhar,
a cara amassada,
o encaixe,
a transa,
os desejos secretos e sujos,
o abraço apertado,
o sanduíche dividido,
as moedas contadas,
o carnaval,
os " esfrega minhas costas? "
os " tô com frio".
os " vem mais pra cá".
os " coça aqui ", ou " lambe ali".
a coleção de tampas de cervejas bebidas,
os tickets de almoços, jantares,
as gentilezas requeridas,
aS gentilezas forçadas,
os litros de água,
as dezenas de bolinhos Ana Maria, Biscoito Trakinas, Waffer de Avelã...
as milhares de salivas: " Apaga a luz? "
as milhares de respostas: " quero ficar sozinho, hoje".
as regras, as excessões,
o carinho escondido na agressividade,
o amor escondido no macarrão sem sal.
E ai, tudo acaba.
A gente não é mais a gente.
A gente nunca foi a gente.
E a gente nunca vai voltar a ser a gente.
E isso, ela nunca vai querer aceitar, esquecer, realocar...
Teria muitas razões óbvias e aceitáveis de não querer mais ouvir falar no seu nome.
Mas soube perdoar.
Mesmo seu orgulho impedindo, ela o perdoou.
Perdoou e resolveu beber todas as cervejas da geladeira,
pra fazer descer toso dos remédios que encontrou
enquanto sua familia estava no funeral.
e é bem lógico que não deu certpo, por ela estar a escrever isso aqui.
não consegiu por fim no doentio amor.
e isso é culpa dela.
ela saiu das regras,
era pra ser casual,
era pra não criar vínculo.
Leu Clarice Lispector: " Se te faz feliz, não é errado!"
Mas e o que seria o certo?
Abraçar o capeta?
SEm forças para pé na bunda,
Sem querer passar pela situação de vê-lo beijando outra boca, outro corpo...
E ele não foi seu primeiro amor.
foi o mais real.
o menos provável.
a pessoa que nunca quis agradar,
que nunca a achou linda ao acordar,
que sempre a cobrou de emagrecer,
de tirar o buço,
fazer as unhas,
pentear o cabelo.
e foi por isso que ela se apaixonou.
pela verdade.
e foi na total insanidade que resolveu se desfazer disso tudo.
outro alguém?
decididamente?
NÃOOOOOOOOOOOOOO, NÃOOOOOOOOOOOOOO E NÃOOOOOOOOOO.
O gosto dele ficará,
junto com o quadro, as fotos, as roupas, as músicas, os bilhetes.
Não quer outro alguém.
até poderia, se assim quisesse.
mas não quer.
ela o queria,
daquele jeito,
sem nome ao relacionamento,
com crises,
com brigas,
com risadas forçadas,
com erotismo.
e com tudo o que viveu,
que não sai do corpo,
da cabeça,
dos ouvidos,
do coração.
Ela tomou litros de soro,
após a lavagem estomacal.
o nariz dolorido do cano enfiado com desprezo,
pelos profissionais vestidos de branco.
A mente e o corpo um tanto fracos,
mas não resistiu em ligar isso aqui.
Precisava ver as fotos de um dos ( poucos) dias felizes.
Ela o sente em toda a parte.
E talvez um dia saiba o quanto o amou.
o quanto o solo seco floresceu em uma alma.
O médico deu alta, junto com uma guia psiquiátrica.
Porém a cura não virá com remedinhos.
Só precisava não mais, acordar.
Belo texto...
ResponderExcluirNão vou dizer o que muitos falariam: "Este texto é muito triste, é muito pra baixo..." Não! Você escreve de uma forma descritiva muito bonita, há sagacidade em suas palavras...
A tristeza, tal como a alegria são sentimentos passageiros. A angústia pode não ser tão passageira assim; mas quem disse que não há na angústia um momento de abertura para o novo e para o autêntico?
A tua experiência, as tuas vivências ainda não chegaram ao fim - não quero aqui ser positivista -, tampouco o fim é algo que lhe deva trazer algum tipo de receio ou tristeza, ou até mesmo falta de vontade. Como diz uma canção de minha autoria justamente com um amigo meu (de banda) chamado Dário Luke:
"A coragem é só o medo sem temor..." – Autossuficiente.
Poderia dizer também que a vontade é só a ausência de ânimo... Quem sabe nós, tanto eu quanto você, sem um terceiro alguém, não alcançaríamos questões, dúvidas, alegrias, prazeres, enfim, uma vivência, ainda mais plena na qual achávamos que já tivéssemos vivido?
Eu simplesmente adoro a sua vontade de querer conhecer o novo e de não se fechar no antigo...
Mais uma vez lhe digo: EXCELENTE TEXTO, MENINA!
Beijos,
E.B.
Belo texto...
ResponderExcluirNão vou dizer o que muitos falariam: "Este texto é muito triste, é muito pra baixo..." Não! Você escreve de uma forma descritiva muito bonita, há sagacidade em suas palavras...
A tristeza, tal como a alegria são sentimentos passageiros. A angústia pode não ser tão passageira assim; mas quem disse que não há na angústia um momento de abertura para o novo e para o autêntico?
A tua experiência, as tuas vivências ainda não chegaram ao fim - não quero aqui ser positivista -, tampouco o fim é algo que lhe deva trazer algum tipo de receio ou tristeza, ou até mesmo falta de vontade. Como diz uma canção de minha autoria justamente com um amigo meu (de banda) chamado Dário Luke:
"A coragem é só o medo sem temor..." – Autossuficiente.
Poderia dizer também que a vontade é só a ausência de ânimo... Quem sabe nós, tanto eu quanto você, sem um terceiro alguém, não alcançaríamos questões, dúvidas, alegrias, prazeres, enfim, uma vivência, ainda mais plena na qual achávamos que já tivéssemos vivido?
Eu simplesmente adoro a sua vontade de querer conhecer o novo e de não se fechar no antigo...
Mais uma vez lhe digo: EXCELENTE TEXTO, MENINA!
Beijos,
E.B.