23 de março de 2010

Banquetes da Ledi

Desde a infância...
Desde a infância...
Desde a infãncia...


mesmo que até hoje eu a diga indescritível


tenho minha teoria particular

sobre naturalmente, a minha dor.



Sinto a dor em colheradas.

Colheradas no peito.


Às vezes, faminta,

raspando partes já calejadas da carne,

ardendo,

puxando pele morta.


Outras,

felizmente mais raras,


se dá um golpe certeiro,

a dor se tornando como minerador que encontra o tesouro,

consegue um pedaço imaculado,

novo,

e inteiro da minha carne.


Nessas vezes, é inesperado, sangra.

Sangra como se nunca fosse parar,

sangra como se fosse murchar tudo que há no peito,

nos arredores,

longe,

secar o corpo todo.

Morte.


Mas sabe-se bem que


A vida não é assim, piedosa...

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